Conversamos com o rapper nordestino que lançou 'Esú', seu disco de estreia
Ele chegou nessa cena com Sulicídio. Um rap como todos os raps clássicos: controverso e inteligente, estilo “chape ou odeie”. Muita gente achou tudo errado, uma declaração de ódio de um baiano e um pernambuco à cena Rio-SP. Muita gente teve a orelha roubada por Diomedes Chinaski e Baco Exu do Blues porque sacou qual era o B.O daquelas linhas e delivery furioso: favor abrir espaço porque existe rima inteligente fora do eixo 021/011.
Um ano depois - e várias diss emocionadas respondendo ao hino do levante nordestino -, Baco botou um baita disco na sua cara: “Esú”. Tem muita neurose, tem KL Jay riscando o vinil com a sagacidade de sempre, tem a love song de 2017, “Te Amo Disgraça”, tem um trabalho gráfico elegante que salta à tela do computador, tem muito orgulho preto e sobretudo: sentimento vivo e caloroso como um abraço no delivery das rimas talhadas pela caneta do artista outrora conhecido como Diogo Moncorvo. Confira nossa entrevista exclusiva com Baco Exu do Blues:
Você pensou no disco como um todo, mapeando do início ao fim ou organizou ele assim uma hora que tinha um punhado de faixas?
Baco: O disco foi feito para ser uma odisseia pessoal pensada em seus mínimos detalhes.
Durante a composição do disco, o que você estava escutando? Tem MC's que se afundam em rap enquanto outros preferem ficar meses sem ouvir rap pra manter a mente limpa…
Baco: Estava escutando coisas fora do rap como Novos Baianos, Benjamin Clemantine, Jorge Ben, Tom Zé... e de rap ouvi bastante o disco do Jay-Z (4:44).
Em termos de composição, estrutura das rimas, flow, modus operandi do estúdio como um todo, qual sua referência direta?
Baco: Eu não tenho muita referência nesses quesitos. Eu crio minhas coisas errando. Sempre penso em cantar de um jeito mas eu erro na gravação e acaba me agradando mais. E aí fica.
Como você enxerga o business do rap no Brasil? Acha que de certa forma ainda há águas inexploradas?
Baco: Acho que o business do rap ainda tá bem no começo. Muita coisa foi feita mas falta muito ainda. Para virar uma indústria gigante, espero conseguir explorar o máximo e ajudar com que cresça. Minha meta é transformar o rap no maior gênero musical do país, como já acontece no mundo, né? Acho que a gente tem que aprender muito com a cena do funk e do sertanejo. (A cena de rap) tá gerando dinheiro mas pode gerar muito mais.
Imagine um grande livro sobre a história do rap nacional lançado daqui a 50 anos. Como você quer estar escrito?
Baco: Quero tá no livro como pessoa pontual em que cada passo meu seja importante nessa história. Tenho essa preocupação em fazer coisas que marquem. Espero que eu esteja conseguindo.
Como vê o consumo de cultura do brasileiro?
Baco: O brasileiro ainda é um consumidor lento. Ele consome muito na Internet e pouco show. Se o público geral do rap fosse para rua, fosse pros eventos, vivesse o movimento, tava todo mundo rico.
Fonte: Red Bull
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